Vamos compreender a relação entre o indivíduo e a sociedade e refletir sobre o conceito de Imaginação Sociológica de Charles Wright-Mills. O ser humano é um ser social. Uma das principais questões para entender a sociedade é: como ocorre a relação entre o indivíduo (as pessoas) e a sociedade? Nós construímos a sociedade? A sociedade nos constrói? Ou os dois? Nós podemos modificar a sociedade na qual estamos? Ou é a sociedade – com suas leis e regras – que cria nosso comportamento, nossos gostos, nosso pensamento? Qual é a relação entre o indivíduo e a sociedade? Estas perguntas inquietam os cientistas sociais ao longo dos séculos!
Para Wright-Mills, a vida do indivíduo e a história da sociedade não podem ser compreendidas separadamente. Quais são os elementos sociológicos principais que compõem esta frase? Se você pensou em vida do indivíduo + história da sociedade, está no caminho certo! Segundo Wright-Mills, “o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período”.
Você já parou para pensar sobre isso? Vamos refletir sobre essas questões: Quem sou eu? Quais são as minhas vivências e experiências? Como é a sociedade em que eu vivo? O que diferencia a sociedade hoje das sociedades antigamente?
Para o desenvolvimento da imaginação sociológica, dois elementos são necessários: Estranhamento: capacidade de poder “estranhar” fenômenos e realidades cotidianas. Ele instiga o conhecimento sobre a realidade. Desnaturalização: Perceber que fenômenos sociais não são determinados pela natureza ou pela biologia dos seres humanos.
Por isso a imaginação sociológica é uma prática criativa, uma tomada de consciência sobre as relações entre os indivíduos e a sociedade de que são membros. Com ela podemos enxergar que a sociedade não é fruto do acaso. Essa tomada de consciência não é exclusiva aos sociólogos, mas a todos que entrem em contato com a imaginação sociológica, permitindo que compreendamos as ligações entre a esfera individual e o mundo social que nos rodeia. Com a imaginação sociológica podemos perceber como um ato especialmente particular, como o divórcio, interfere em toda a sociedade. O aumento de divórcios redefiniu a instituição social “família” tornando comum a composição familiar de “pais separados”.
Em linhas gerais, para pensar sobre a relação entre indivíduo (pessoas) e a sociedade, o sociólogo estadunidense Charles Wright-Mills criou a ideia de IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA. Ele a resume da seguinte maneira: “A habilidade de conectar histórias e biografias e as relações entre elas na sociedade”.
Charles Wright Mills
"A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para a vida íntima e para a carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua experiência cotidiana, adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais. [...] O primeiro fruto dessa imaginação – e a primeira lição da ciência social que a incorpora – é a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele.” (MILLS, 1975, p. 12).