Você realmente sabe o que isso significa?
Conviver com pessoas diferentes não é fácil, por isso a tendência é sempre impor a nossa cultura sobre o outro. Essa atitude é considerada etnocêntrica. Mas o que é isso?A palavra etnocentrismo é um conceito que vem dos radicais “etno” (etnia) e “centrismo” (centro), portanto, etnocentrismo é o ato de julgar a cultura do outro baseado na sua própria crenças, moral, leis, costumes e hábitos.
Por exemplo: achar que a cultura ocidental é o modelo de sociedade correta e a cultura do oriente médio é errada ou vice-versa ou até mesmo quando nos referimos à cultura indígena ou afrodescendente.
Apesar da argumentação de superioridade, o etnocentrismo sempre esteve relacionado com o poder econômico. Assim, em praticamente todos os casos de conquista e colonização (e a despeito dos argumentos sobre “salvar povos inferiores”), a real motivação é sempre a mesma: riquezas naturais e mão de obra escrava.
Este foi o caso da conquista dos Maias e Astecas. Ainda que esses povos tivessem impressionantes conhecimentos de urbanismo, arquitetura, engenharia e astronomia, foi estabelecido pelos espanhóis que eram selvagens e precisavam ser apresentados ao “verdadeiro Deus”, afinal, seus templos pagãos estavam cheios de ouro, prata e pedras preciosas. O mesmo argumento etnocêntrico — com a mesma intenção econômica — foi utilizado pelos portugueses durante a colonização do Brasil para escravizar os povos nativos e africanos. Os exemplos são muitos, e mesmo hoje o senso comum está permeado de argumentos baseados no etnocentrismo.
Pense na ideologia do nazismo na Alemanha de Hitler, que tinha entre seus discursos centrais a superioridade da “raça ariana” sobre os demais seres humanos. Hitler proclamava em seus discursos e em suas práticas de perseguição e de extermínio a crença na superioridade da raça ariana e do povo alemão, dando origem ao nazismo.
Quais são os tipos de etnocentrismo?
Segundo alguns autores, é possível encontrar diferentes tipos de etnocentrismo, dependendo das crenças causadas por ele. Os mais importantes são os seguintes:
– Xenocentrismo ou etnocentrismo reverso. É a ideia de que a própria cultura é menos válida que as demais e, portanto, pode ser prejudicial para a vida de uma pessoa.
– Etnocentrismo racial. A crença de que as pessoas pertencentes à própria cultura são superiores às demais por causa da raça.
– Etnocentrismo linguístico. O pensamento de que o idioma pertencente à própria cultura é superior em alguns aspectos aos de outros povos. Por exemplo, pode-se acreditar que é mais sutil ou que serve para expressar ideias mais complexas.
– Etnocentrismo religioso. A crença de que a própria religião é a única válida e verdadeira, sendo aqueles que professam outras religiões ignorantes ou sem instrução.
Cultura x Etnocentrismo
Na França, caracóis chamados escargot são considerados uma fina iguaria. Em alguns lugares da China, se come cachorros, que para muitos brasileiros são considerados membros da família! Já para os hindus é proibido comer carne de vaca e os muçulmanos não comem carne de porco.
Ou seja, o que é exótico para nós, pode ser normal em outras culturas, e vice-versa. Você sabia que o personagem Chapolin Colorado é inspirado em um tipo de grilo comestível no México?
Relativismo cultural x etnocentrismo
Foi com o pai da antropologia, o alemão Franz Boas (1858-1942) que a palavra etnocentrismo foi rompida, contraponto com o relativismo.
O relativismo compreende que não existe uma cultura certa ou errada, desenvolvida ou subdesenvolvida, primitiva, e sim culturas diferentes.
O relativismo entende que a cultura de uma pessoa ou grupo não pode ser avaliada segundo o preceito de uma cultura dominante e sim compreendida através dos próprios valores daquela cultura.
O relativismo cultural é reconhecer a diversidade de todas as culturas, porém, não significa normalizar o absurdo, mas, sim, entender a cultura no ambiente do outro, independente do julgamento de valor.