A População Quilombola no Brasil: Dados do Censo 2022 Revelam Realidade e Desafios
O Censo 2022 revelou que a população quilombola no Brasil é de 1.327.802 pessoas, representando 0,65% do total de habitantes do país. Esta foi a primeira vez que o Censo investigou especificamente esse grupo, que faz parte dos povos e comunidades tradicionais reconhecidos pela Constituição de 1988.
Os dados indicam a existência de 473.970 domicílios onde vive pelo menos uma pessoa quilombola, distribuídos em 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste destaca-se como a região com a maior concentração, abrigando 68,19% do total de quilombolas do país, o que equivale a 905.415 pessoas.
Territórios Quilombolas e Regularização Fundiária
O Censo também apontou que os Territórios Quilombolas oficialmente delimitados são residência para 203.518 pessoas, das quais 167.202 são quilombolas, representando 12,6% do total da população quilombola. É notável que apenas 4,3% dos quilombolas residem em territórios já titulados no processo de regularização fundiária.
Importância dos dados para Políticas Públicas
Com a divulgação desses dados, o IBGE atende a uma demanda histórica da sociedade brasileira, órgãos governamentais e movimentos sociais. Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, afirmou: “Conhecer o número de pessoas quilombolas e como elas se distribuem pelo país, no nível de municípios, vai orientar políticas públicas de habitação, ocupação, trabalho, geração de renda e regularização fundiária”.
Processo Participativo
Fernando Damasco, Gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, ressaltou a importância do processo participativo na coleta desses dados: “É importante destacar que todos esses dados refletem um processo participativo, em que a população quilombola esteve presente junto com o IBGE desde o início, no mapeamento das comunidades, na definição dos questionários, na organização para o planejamento da coleta, no treinamento dos recenseadores e, agora, na divulgação dos resultados”.
Conclusão
Os resultados do Censo 2022 são fundamentais para entender a distribuição e as condições de vida da população quilombola no Brasil. Esses dados não apenas satisfazem uma antiga demanda por reconhecimento e visibilidade, mas também servirão como base para a formulação de políticas públicas que promovam a inclusão e o desenvolvimento dessas comunidades.